Dia Internacional da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha

25 de julho de 1992 por ocasião do 1º encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, realizado em São Domingos (República Dominicana), foi reconhecido o Dia Internacional da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha. Na oportunidade, estiveram reunidos representantes de diversos grupos feministas para discutir a interseccionalidade da luta contra o machismo e o racismo, sendo que, a partir desse encontro, nasceu a Rede de Mulheres Afro-latinoamericanas e Afro-Caribenhas.

No Brasil, em 2014 (governo Dilma), a data também foi estabelecida pela Lei nº 12.987/2014 como Dia Nacional de Tereza de Benguela, símbolo de resistência e representatividade da mulher negra e indígena no país. “Rainha Tereza”, como também ficou conhecida em seu tempo, viveu no século XVIII, no Vale do Guaporé, no Mato Grosso, onde liderou o Quilombo de Quariterê.

Essa não é uma data comemorativa simplesmente, é uma data de fortalecimento da luta das mulheres negras latinas e caribenhas, que enfrentam difíceis realidades na busca por seus direitos.

A discriminação sofrida por mulheres negras começa desde a infância, a solidão dessas crianças, sofrida em espaços como escola, parques e outros lugares que precisam e têm o direito de frequentar como qualquer outra, porém para crianças negras se torna sofrido diante do tratamento que recebem por parte de outras crianças e adultos, a falta de representatividade nos espaços de formação e até na mídia, colaboram para a exclusão dessas crianças e pode causar sérios danos no futuro, como a autoconfiança.

 Sem falar na hipersexualização da mulher que acontece desde cedo, com crianças e adolescentes e isso na fase adulta intensifica a objetificação/coisificação das mulheres negras, que por sua vez contribui para o alto índice de violência sofrido por mulheres negras.

O índice de feminicídio entre mulheres negras no país chega a ser o dobro em relação a mulheres brancas, em alguns estados esses números podem ser ainda maiores, a violência obstétrica é altamente recorrente entre mulheres negras, e no mercado de trabalho a desigualdade vai desde a oportunidade em ingressar em cargos relativamente altos, até o salário inferior ao de homens e mulheres brancas.

Quando o olhar se volta para as mulheres negras do campo, encontramos ainda mais dificuldade, como o acesso aos equipamentos e políticas públicas do setor de informação, cultura, saúde, segurança pública, entre outros, essas mulheres precisam ser ainda mais resistentes, numa realidade em que os lugares de decisão, como lideranças comunitárias são ocupados por homens, ter voz, fazer seus direitos, suas necessidades serem ouvidas é um desafio e tanto.

O Dia Internacional da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha, portanto é um dia para celebrar as conquistas e fortalecer a luta da mulher negra por vida digna, por seus direitos, chamando todas e todos para lutar juntas e juntos. Nessa ocasião, lembramos também de outras mulheres negras que seguem fazendo revolução e sendo resistência, através das artes, da filosofia, nos coletivos femininos negros, com Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Maria Filipa, Elza Soares e tantas outras conhecidas e anônimas.

Por: Aldiceia Costa – PJ Leste 2

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