Superar a fé “de fachada” para encontrar o “pão de Deus”

luz18

Jesus ensinou que o maior de todos os milagres é a partilha. Todos ficaram muito contentes. Queriam, na montanha, proclamá-Lo Rei porque “alimentou todos”. Jesus “saltou fora” porque percebeu que eles tinham entendido errado. O alimento material necessitava ser partilhado, mas o caminho da fé não pode parar nessa “fachada”, é preciso mais, partilhar a vida, viver em comunhão, para “matar” a fome do céu/da felicidade que habita em nós.

A primeira leitura (Ex 16, 2-4.12-15) desse 18º Domingo do Tempo Comum nos recorda a experiência do Maná no Deserto. O povo que havia sido conduzido para a liberdade depois da experiência escravagista do Egito, começou a “murmurar” contra Deus. A vontade de voltar a “escravidão” é grande. “Pelo menos lá tínhamos o que comer”. Que fome prevalece: pão ou liberdade? Deus enviou o “Maná” não como uma chuva de alimento, mas como uma vocação: é preciso, com liberdade, descobrir o alimento Dele no caminho – que ensina a partilhar, a viver a solidariedade, mas, sobretudo, a alimentar outras fomes, que não são saciadas “só” com a barriga cheia. Deus não realizou “magia”, mas ajudou o povo encontrar “alimento do céu” através dos arbustos do deserto do Sinai.

Jesus, no Evangelho (Jo 6, 24-35), precisou ajudar o povo a amadurecer essa fé de “fachada”.  Ainda hoje, todos nós, podemos ser tentados a uma fé que responde aos “meus problemas”, as “minhas fomes”. O primeiro passo, sim, é descobrir essa fome. Jesus ajudou a partilhar os “cinco pães e dois peixes”. Para além disso, é preciso encantar-se por uma proposta de fé que nos conduz ao caminho da liberdade e da felicidade. Essa “fome” é a mais difícil – “das obras de Deus”, diz o Evangelho. Jesus é “o pão da vida”. Ele é alimento. Nós, também, podemos ser alimentos. Somos, por vocação, despertados nesse mês de agosto, a ser “pão”, a ser alimento, a ser partilha, a ser comunhão. Quem encontra esse alimento muda a vida. É a potência que mora em nós e mora no mundo – ajudar as pessoas/ nos ajudar a sermos “do céu aqui na terra” – livres e felizes. Jesus vai a nossa frente e abre caminho para que façamos como Ele.

É preciso largar as velharias, como diz Paulo aos Efésios na Segunda Leitura (Ef 4,17.20-24). O “ser velho” aqui pode ser entendido como essa “fé de fachada”, carregada de coisas que não nos deixam ver a novidade. Se vivermos uma comunidade aberta, dialogal, ecumênica, Eucarística, da Palavra, da liberdade, da felicidade, da juventude, das crianças, faremos a experiência de “sermos novos”.

Por fim, o Salmo garante para nós que Deus nunca se cansa de dar alimento. É Ele quem ativa nossa força para encontrar “os Manás” cotidianos de vida, de liberdade e de felicidade como a maior de todas as vocações – é Ele quem nos dá o “pão do céu”.

Pe. Maicon A. Malacarne

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