Natal: a luz que ilumina a todos

 Natal: a luz que ilumina a todos

“Natal”: a luz que ilumina a todos desponta na história a partir dos últimos

Primeira Leitura (2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16)
Responsório (Sl 88)
Segunda Leitura (Tt 2,11-14)
Evangelho (Lc 1,67-79)

Enfim, chegamos ao grande dia de natal. A festa de hoje é tão importante que temos na liturgia proposta de celebrações para vários momentos. Aqui apresentaremos nas leituras da celebração, que popularmente chamamos de missa do galo (noite de natal). Contudo, se  tiver tempo vale a pena você não deixar desapercebido as leituras do dia.

Para mergulharmos no mistério de hoje, convém lembrar que não celebramos a nascimento de Jesus. A data certa em que Jesus nasceu é desconhecida. A festa de hoje tem origem numa festa dos deuses gregos. Dia 25 de dezembro era a festa do Deus Apolo. Onde os romanos celebravam o sol vencedor! Noites mais curtas. Mais tempo de luz solar durante  o dia eram características deste período no ano naquela região. Por volta de terceiro século da nossa era os cristãos da época aproveitaram a mesma data para celebrar quem para eles era o ‘sol vencedor”: Jesus Cristo. No nascimento Dele a luz de Deus desponta na história da humanidade. É isso que celebramos. É muito mais do que um aniversário.

O profeta Isaias olhando para a realidade que o circundava aponta um futuro de esperança (Is 9,1-6). Provavelmente ele está reconhecendo nas mudanças políticas de sua época cenários que favorecem os mais pobres. Os primeiros cristãos olharam para estes textos e viram deles um testemunho da pessoa de Jesus de Nazaré. Seus primeiros versículos traduzem com uma beleza poética encantadora o que o Cristo é para nós: “O  povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9,1). Jesus é a grande luz que apareceu não horizonte da história humana. A luz nos ajuda a reconhecer quem somos, com nossas belezas e misérias. A luz nos ajuda a reconhecer onde estamos. A luz nos ajuda a fazer escolhas… As imagens que seguem mostram um cenário onde a violência terá um fim!!! (Is 9,3-4). Ser cristão e compactuar com qualquer forma de violência é uma contradição sem precedente. Somos pessoas que sonham com a paz, que constroem iniciativas de paz.

Para o profeta tudo isso acontecerá porque “nasceu para nós um menino”. Ele vem inaugurar um tempo de paz. Como nos discípulos de jesus podemos ler estes textos sem nos implicarmos com este tempo? Será que é possível dizer que somos discípulos do “príncipe da paz” (Is 9,5) sem fazermos escolhas que garantam a paz? Por fim o profeta nos diz que “O zelo de Javé dos exércitos é quem vai realizar isso” (Is 9,6) ou como nos apresenta uma outra tradução “O amor zeloso de javé dos exércitos há de realizar todos estas coisas”. Será que eu e você ou ouvirmos estes textos esta noite nos sentimos chamados a deixar que o “amor zeloso” de Deus gere estas coisas a partir de nós? Ser luz e não compactuar com as formas de  violência eis um convite fundamental destes dias.

Na segunda leitura temos as comunidades de tradição paulina nos testemunhando com elas entenderam a esperança cristã (Tt2,11-14). A manifestação da bondade de Deus na pessoas de Jesus de Nazaré nos convida a uma vida nova. Nossas escolhas devem ser iluminadas pela luz do natal.  Celebrar o nascimento do Menino é deixar que a sua luz ilumine todas as dimensões da nossa vida. Convém não olhar este texto somente do ponto de vista moral. É preciso lê-los também com suas implicações sociais…

O texto do evangelho que lemos neste dias esta numa parte do Evangelho de Lucas que é conhecida como evangelho da infância (Lc 1-2). Mais do que um relato histórico de como foi o nascimento e a infância de Jesus estamos diante de um testemunho de fé da comunidade lucana. É como se aqui se encontrasse um resumo de todo o evangelho!! A comunidade mostra como acolheu e entendeu a chegada do menino! Nos primeiros versículos o nascimento de Jesus é situado na história (Lc 2,1-3). Já a comunidade lucana entendia que não dá para acolher a pessoa e a proposta de Jesus se não for em sintonia com a história. Ele é Deus que mergulha na nossa história. Ele faz da nossa história, história da salvação. Ao mostrar Jesus na descendência de Davi (Lc 2,4) testemunha que o nascimento dele entendido como realização da grande esperança do povo de Israel. Ao mesmo tempo vemos Maria e José em meio as articulações daqueles que tempo poder. Já que recenciamentos aconteciam para favorecer a cobrança de imposto!

Manjedoura, alegria, pastores, menino… são elementos do texto que merecem nossa atenção. A narração do nascimento de Jesus nos diz que Maria Envolveu seu filho primogênito em faixas e o deitou numa manjedoura (Lc 2,7). Ora mais não estamos falando da grande esperança de Israel? De um acontecimento fundamental para a fé cristã? Isso, mas é testemunhado assim, de forma simples. Eu e você somos convidados a reconhecer Deus na simplicidade e não na pirotecnia. Esse é o sinal dado aos pastores (Lc 2, 12). Nossa tradição cristã nestes dias diz que Deus quer nascer em nossos corações, mas será que estamos preparados para o receber do jeito que ele se apresenta, na simplicidade? Eu e você não corremos o risco de “tropeçar na manjedoura” e continuar esperando/procurando por sinais?

Pode passar desapercebido aos nossos olhares, mas a comunidade lucana nos apresenta o nascimento de Jesus sendo testemunhado primeiro aos pastores (Lc 2,8-14). É a partir deles que a humanidade é convidada a se aperceber da chegada Daquele que é a razão da nossa esperança. Na época de Jesus os pastores não eram pessoas bem vistas. A profissão deles os impedia de manter a pureza legal. Passavam o dia e a noite no meio dos animais!!! É a estes que é anunciado a nascimento de Jesus. É a estes que a glória de Deus envolve (Lc 2,9). Estes são chamados a ser os primeiros portadores da grande alegria. Jesus entra na história para iluminar a todos, mas o faz a partir dos últimos. Eis uma lição para quem quer seu discípulo. Lição que parece ter sido bem entendida pelo Papa Francisco.

É natal! Cada um de nós é chamado a acolher esta Boa Notícia: “nasceu para nós um salvador”. A luz de Deus ilumina a história humana. Eu e você somos chamados a fazer escolhas iluminados pela luz que desponta neste dia. Nossa alegria deve a certeza de que não estamos sozinhos! O menino de braços abertos no presépio dá as mãos aos últimos da história. Que as festas destes diz nos ensine a acolher e ser boa notícia. Que estes dias não sejam um tempo de simplesmente comer muito e beber muito! Que estes dias sejam mais do que um tempo de confraternização e afirmação de laços com a família e amigos. Que seja natal, celebração do mergulho de Deus na nossa história. Memória da luz ilumina as nossas escolhas. Profissão de fé em Jesus de Nazaré. Testemunho de nosso desejo de sermos seus discípulos e suas discípulas hoje e como ele boa notícia para todos, luz que desponta na história a partir dos últimos.

Por Joilson Toledo, FMS

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