CARTA FINAL DO SEMINÁRIO CEARENSE A JUVENTUDE QUER VIVER

 CARTA FINAL DO SEMINÁRIO CEARENSE A JUVENTUDE QUER VIVER

Pastoral da Juventude
Regional Nordeste 1 – Ceará
Seminário Regional A Juventude Quer Viver

“Felizes os que tem fome e sede de justiça,
porque serão saciados” (MT 5,6)

PJ Ceará

A Juventude Quer Viver! Este é o grito que ecoa dos corações dos jovens e das jovens das diversas realidades do estado do Ceará, estes e estas, presentes no Seminário Regional: A Juventude Quer Viver, realizado nos dias 27, 28 e 29 de novembro de 2015, na Diocese de Quixadá, representando os grupos de base do Regional NE1 com a participação do Coletivo Juntos.

O Ceará é o terceiro estado com mais assassinatos de jovens, segundo dados do Mapa da Violência, no ano de 2012 foram mortos vítimas de homicídios 94,6 jovens para cada 100 mil habitantes. No Brasil, no mesmo ano ocorreram 57,6 homicídios de jovens segundo o mesmo cálculo. É necessário refletir e denunciar a realidade de extermínio a qual estão inseridos e inseridas, os e as jovens do Ceará e do Brasil. É imprescindível sair do silenciamento, não nos permitir que essa cultura de morte seja algo natural e impossível de mudar, é necessário o debate com profundidade dessas violências, dessa cultura de vingança e de morte que tem se encravado em nossa sociedade.

É possível perceber que a violência contra a juventude não se dá, apenas, no ato do homicídio, esta se evidência nas diversas situações cotidianos de marginalização e criminalização dos jovens e das jovens. Existe, porém, uma segregação racial, econômica e social nos atos de violência, onde a juventude em sua maioria é vista não como vítima, mas sim como autora dessa violência, onde se concretiza quando é repetida a frase que BANDIDO bom é bandido MORTO.

Por meio desse manifesto indagamos: quando a juventude será representada em outros gráficos com números onde a violência não seja o destaque? Quando será que vão acreditar na juventude como protagonista da história?

Mesmo sabendo quem somos e para onde vamos, inúmeras vezes somos estereotipados e estigmatizados pela mídia e pela sociedade que fazem julgamentos, quase sempre sem fundamentos ou justificativas, e nos impõem modelos conservados e fictícios de juventudes; não reconhecendo nosso protagonismo e reproduzindo fatos errôneos dos e das jovens que estão a margem de qualquer assistência governamental; além disso, não podemos esquecer do sistema capitalista que tanto nos oprime e extermina a todo custo e sem nenhum escrúpulo.

Desenvolvidos no seminário regional A Juventude Quer Viver, manifestamos, a seguir, os encaminhamentos que contribuem para um novo modelo de sociedade:

  • Aprofundamento do debate: Educação sobre drogas;
  • Elaboração de material que contribua com esse debate, dentro dos grupos de base, nas paróquias, escolas e nas comunidades;
  • Criar grupos de discussões em locais públicos sobre machismo, feminismo, para que todas as pessoas que passarem por ali possam ouvir e discutir sobre o assunto;
  • Regulamentação e democratização da mídia:
    • Tirar o controle dos grandes grupos econômicos;
    • Ação popular coletiva, contra programas que ferem nossa dignidade (programas policiais);
    • Disciplina sobre mídia nas escolas.
  • Parceria com a Pastoral Carcerária para propor trabalhos com reclusos e suas famílias e também famílias da vítimas;
  • Debate nos grupos de base sobre a população juvenil privada de liberdade;
  • Preservação da identidade jovem enquanto figuras que merecem proteção e garantia de direitos;
  • Um sistema de educação que proporcione o protagonismo juvenil e sua transformação social;
  • Reafirmar nossas lutas pelas causas dos jovens e das jovens buscando garantir seus direitos básicos como cidadãos e cidadãs, ajudando-os também na construção do seu projeto de vida.

 

Não queremos uma sociedade que apenas nos acolha, mas que segure na nossa mão e que caminhemos juntos e juntas. Por isso poupe-nos do vexame de morrer tão moço (a).

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