Carta da PJ da Amazônia Legal aos padres sinodais do Brasil

 Carta da PJ da Amazônia Legal aos padres sinodais do Brasil

Paz e bem queridos irmãos,

Os olhos do mundo se voltam com preocupação para nossa Casa Comum, ao longo das décadas o lucro foi posto acima de toda vida. Recentemente nos deparamos com os céus de São Paulo tomados pela escuridão às 15 horas. É como no Evangelho de Mateus que vemos o céu se escurecer também às 15 horas, com a morte de um inocente. Naquela passagem, a narrativa tratava sobre a salvação da humanidade pela Cruz de Cristo. Hoje, o céu escurece no sul, com a morte da Amazônia no norte do país. Hoje, é a criação divina que é crucificada pela ganância dos poderosos.
Desde seu nascimento, a Igreja se pôs do lado dos oprimidos, daqueles que mais sofrem com a tirania do poder, a profecia é evangélica e move nossa história. Somos o clamor do povo que se ergue na terra. O sangue de nossos mártires germinam e frutificam no altar da comunhão, “queremos ter voz, ter vez, lugar”. Somos o povo escolhido por Deus para concluir seu projeto de Reino aqui na terra. Somos o povo amazônida que se faz Igreja, esse Corpo vivo que é interligado, nossas matas são o coração do mundo por onde corre o Rio da Vida.

O Sínodo que estamos rezando e preparando é novidade aguardada, o Kerigma do Bem Viver, esperança dos povos que aqui habitam e fazem comunhão, da Igreja sofrida, do povo aguerrido que vive o amor do Cristo Senhor, que é pintado de urucum, que toma o açaí puro, que partilha o peixe.

Nós da Pastoral da Juventude, assumimos juntos novamente a opção pelos pobres e oprimidos, para que o grito dos povos da terra não seja abafado pelo grito dos poderosos que visam nossa Casa Comum como mercadoria para um “desenvolvimento” que nos separa da criação. Estamos presentes em todo o território amazônico e vivemos de maneira intensa todo o processo Sinodal, arde nossos corações quando ouvimos a novidade, somos igreja, somos juventude amazônica. Nossos últimos Encontros Nacionais foram nas terras férteis da Amazônia, afirmando nossa luta e bebendo desse poço, fomos ver “onde mora o Mestre” em Manaus no ano de 2015, da Samaria a Galileia fomos para Rio Branco em 2018, viver o Txai: o Bem Viver.

Pedimos e rezamos que não recuem diante dos sinais de morte e das forças da opressão que tentaram a todo custo impedir que Jesus nascesse naquela gruta de Belém, que o perseguiram e o expulsaram para terras estrangeiras, que o crucificaram naquela Cruz. Ousemos, sejamos novidade e contem com a leveza, a ousadia e rebeldia da juventude que não se cansa, que está nas comunidades, que faz pastoral pelos afluentes do grande Rio Amazonas e tantos outros que cortam esta terra, que partilha o beiju e o açaí nos grupos de base.

Contamos e estamos com vocês e com nosso querido Papa Francisco nesse caminho.

 

Belém, 29 de agosto de 2019.

Davi Rodrigues da Silva, Secretário Nacional
Felipe Santos, Coordenador Nacional pelo Regional Norte 1
Bruno Costa, Coordenador Nacional pelo Regional Norte 2
Thalita Vasconcelos, Coordenadora Nacional pelo Regional Noroeste
Denyse Nunes, Coordenadora Nacional pelo Regional Nordeste 5
Patricia Itaibele, Coordenadora Nacional pelo Regional Oeste 2

 

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