Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

Assunção-de-Maria

Primeira Leitura (Ap 11,19a;12,1.3-6a.10ab)
Salmo 44
Segunda Leitura (1Cor 15,20-27a)
Evangelho Lc 1,39-56

Rocélio Silva Alves.*

Hoje celebramos os pequenos milagres do cotidiano, a felicidade daqueles e daquelas que nada possuem; a disposição dos exaustos, a generosidade daqueles que nada têm, dos que se põem a caminho. Comemoramos a vitória da humildade e do serviço; é o discipulado silencioso e a disposição em ir ao encontro que fazem memória do cumprimento da palavra. Palavra esta geradora de vida e amor. No evangelho de hoje dia que celebramos a Assunção de Nossa Senhora, ouvimos Maria que se pôs a caminho, foi ao encontro, subiu à região montanhosa e saiu de si.

O cenário daquela região é de seca, imagino o calor da Galileia e de Judá, o chão empoeirado, a estrada erma. Imagino Maria grávida embora com toda sua disposição não se encontrava numa situação de conforto, penso que sua boca estava seca da sede do caminho, seus pés cansados, seu corpo fadigado do percurso e das pedras que encontrara no caminho. Mesmo assim, visualizamos Maria retirante esta caminheira que se dispõe.

Agora imagine a alegria daquele encontro, Isabel, que possivelmente não esperava a visita e a companhia de sua prima. Maria na alegria da acolhida-encontro e o mistério que envolve as vidas geradas em seus ventres. Neste momento, há o encontro, encontro das experiências, dos espaços distintos, do divino com o humano e do humano com o divino. É o Deus que vem e fala ao seu povo e o povo que ouve e se alegra com a voz do seu Deus.

“A criatura pulou em meu ventre” (Lc 1,44) vejam que rica expressão de sensibilidade e júbilo, sinta esta alegria do encontro e acolhida daquelas mulheres que experimentam em suas vidas de modo direto a intervenção divina. Você em algum momento já sentiu esta alegria consoladora? Você já se dispôs em ir ao encontro daqueles e daquelas que precisam de ti? Você já se permitiu capaz de ser encontrada/o também? Temos o péssimo hábito de acharmos que os outros dependem de nossas ajudas e que nós não necessitamos de ninguém. Seria mesmo esta a proposta de Deus? Será que somos tão autossuficientes e necessários a nós mesmos?
Quantas pessoas te encontram, e partilham suas vidas?
Quantas ajudas ao longo dos caminhos?
Quantas vidas…

É neste espaço que convido você a rezar, se encontrar neste encontro; convido-te a se dispor em ajudar e a se permitir ajudado/a.

Imagina a folha seca que cai sobre a terra, e com o tempo a secura da folha, se mistura ao solo e a mesma o enriquece.

A humildade dos humildes, o serviço dos serviçais, a disposição dos dispostos.
O encontro, tudo se passa neste encontro.
O milagre do cotidiano, das alegrias constantes de nossa história, das pessoas que poderiam dizer não, mas dizem sim.
Dos pequenos gestos e o eco da grande nobreza que se gera.
Encontro! Não esqueçamos esta palavra, que nos sirva de oração.
Com quem me encontro, que sinal eu sou?
Qual a minha disposição para o encontro com meu próximo?
O que trago do caminho que percorri?

Peçamos a Maria que seu discipulado seja nossa escola, e que a disposição em servir seja uma realidade em nossa história de pastoral e pessoal.

 

*Rocélio Silva Alves, Padre diocesano (Tianguá-Ce); Bacharel em Filosofia e Teologia; Especialista em Juventude no Mundo Contemporâneo; Atualmente residente em Belo Horizonte, onde cursa o mestrado em Filosofia da Religião, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Colaborou com a assessoria da PJ no Regional Nordeste I no Ceará.

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