Senhor, aumentai a nossa fé

Luz_Caminhada

27º Domingo do Tempo Comum

1ª Leitura – Hab 1,2-3; 2,2-4
Salmo 94
2ª Leitura – 2Tm 1,6-8.13-14
Evangelho – Lc 17,5-10

Por Ana Selma da Costa*

 

O texto vem nos falar mais uma vez das condições necessárias para viver o seguimento a Jesus. O texto pode ser dividido em duas partes: dos versículos de 5-7 e dos versículos de 8-10.

A primeira parte trata da questão da fé inabalável. Diante de uma situação difícil, complicada e sem solução, o primeiro conselho que recebemos é: Tenha Fé!

Vivemos num mundo onde muitos e muitas usam Deus para nos livrar de todos os problemas e dificuldades, tudo fica por conta de Deus que deve resolver e fazer acontecer um “milagre” em nossas vidas. Onde todas as nossas dificuldades e problemas são vontade de Deus e suas consequentes resoluções também ficam por conta de Deus.

Sim, temos que recorrer a Deus sempre e também nas dificuldades temos que confiar em seu amor; mas é preciso se abrir a sua graça de tal forma, que a nossa fé vá amadurecendo a cada dia e tenhamos à sua luz, uma melhor compreensão dos acontecimentos da vida, principalmente aqueles que fogem do nosso controle, por causa dos nossos limites.

Devemos ter consciência de que nem tudo é vontade de Deus, muitas coisas são consequências de nosso livre arbítrio e do livre arbítrio de outras pessoas. De nossas escolhas e principalmente das escolhas das pessoas que nos governam. Muitas questões não são da alçada de Deus, mas de políticas públicas. E isso é sim de nossa responsabilidade, pois somos nós que escolhemos nossas e nossos representantes políticos.

O contrário do medo é a fé, não a coragem. Então, ao pedir a Jesus, Senhor aumentai a nossa fé, o pedido não é para o Senhor nos transformar em super-heróis, em super-heroínas, mas para que sejamos capazes de descobrir nos ensinamentos de Jesus que o discípulo e a discípula devem fazer uma opção radical por Jesus e seu Evangelho. Em outras palavras, o que os apóstolos pedem é para que o Senhor os fortaleça nessa decisão, para que possam na firmeza da fé, renovar em cada dia a confiança total em Deus, diante das adversidades que os espera nessa caminhada, mas também que tenham condições de discernir o que é bem individual de bem comunitário. Nesse sentido Jesus irá responder que a mínima abertura à graça de Deus, por parte de nós, resulta em coisas grandiosas, humanamente impossíveis de serem realizadas.

Com o exagero típico do oriental, Jesus enfatiza tanto a necessidade da fé quanto a sua força, através das imagens do grão de mostarda (semente bem pequena), e do sicômoro – árvore mais ou menos grande que tem um sistema extensivo de raízes: “Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a este sicômoro: “Arranque-se daí, e plante-se no mar. E ela obedeceria a vocês.”(v.6)

A Fé não é um instrumento que coloca Deus à nossa disposição, pois não tem cabimento o patrão servir o empregado, nos explica o evangelho, mas sim o contrário, a pessoa deve se colocar diante de Deus na condição de servo, de serva submetendo-se totalmente à sua Vontade a exemplo de Jesus, que veio para servir e não para ser servido, veio, segundo a profecia, para fazer a vontade daquele que o enviou.

A segunda parte do trecho fala sobre a atitude correta de quem tem uma responsabilidade. Seja na comunidade, na família ou na sociedade. De que devemos fazer as coisas que são de nossa obrigação não por mérito ou para recebermos reconhecimento, mas porque é nossa responsabilidade. A nossa é tem de nos conduzir a fazer as coisas da melhor forma que pudermos, com amor, sem esperar plateia ou elogios.

Quem faz parte de uma comunidade encontra-se na mesma situação dos apóstolos, pois somos chamados e chamadas à uma fé sem mérito algum. É preciso ser grato, grata a Deus pelo dom recebido e devemos assumir nossa parte, a de cumprir bem nossa missão recebida, sem vangloria. Sem falsa humildade, mas também sem vaidade.

Por isso devemos rezar sempre: Senhor aumentai a nossa fé!

 

*Ana Selma da Costa é teóloga, compõe a coordenação estadual e faz parte da equipe de assessoria do Cebi-CE, é facilitadora na Escola de Pastoral Catequética (Espac) e assessora da Pastoral da Juventude na Arquidiocese de Fortaleza.

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