Mística e construção: os grupos, a missão e a reza

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Os elementos da espiritualidade PJoteira fazem parte de uma longa história do processo de acolhida do Concílio Vaticano II na América Latina e da vida de nosso povo pobre. História essa que é poço que alimenta no caminho. São diversos elementos que constituem a forma de viver o seguimento de Jesus Cristo. Mas a partir de algumas observações do XI ENPJ partilha-se aqui três realidades que marcam a mística da PJ: a força dos grupos de base, a missão e a reza. A esse último aspecto se dará enfoco especial aqui.

Delegados participantes do XI ENPJ, de todas as partes do país, representando seus grupos, dioceses e regionais, trouxeram em suas malas e mochilas várias realidades, o seu chão de missão. E ali durante toda a semana puderam partilhar entre si suas alegrias e desafios. No cotidiano realiza-se um trabalho fundamental de “formiguinha” que pode passar despercebido na sua força. O encontro nacional proporcionou clarear o horizonte e volume de uma grande rede de grupos. Além disso, faz perceber as diferenças na força da identidade que se abre em missão!

O lugar natural da ação da PJ é a comunidade, lugar primeiro da missão. Chão onde se pisa e procura-se dar respostas a partir da iluminação do projeto do Reinado de Deus. As estruturas em diversos níveis são suporte para que essa missão se realize com mais efetividade. A PJ com seus pequenos grupos em rede tem muito a colaborar para que as paróquias sejam comunidades de comunidades. Naturalmente a PJ é “uma Igreja em saída”. A dinâmica e processo tende sempre a levar os jovens participantes a olharem e atuarem em espaços para além das estruturas das paróquias e fazer a passagem “do aconchego da tenda ao chão do povo”, no dizer de um jovem pjteiro.

PJ reza! As místicas do XI ENPJ revelaram e falaram por si sobre esse tema. É claro que não reza da mesma forma de tantos outros grupos eclesiais que de um jeito massivo se vem tentando passar como formas hegemônicas. Precisa-se perceber a PJ na diferença. PJ reza, e reza o ofício divino da juventude, adaptado da oração da Igreja. Ou seja, reza em comunhão. Em várias situações da caminhada são construídos ofícios que, esparramados pelo Brasil afora ou localizados nos mais diversos rincões provocam a leitura dos sinais de Deus na vida dos jovens e do Povo.

Reza tendo a Palavra ao centro e faz dela leitura orante. O passo a passo desse jeito de rezar colabora para que se escute antes de falar, para que não se dê respostas óbvias às provocações de Deus. Também o método VER, JULGAR E AGIR, permite perceber que antes de se firmar as opções é preciso escutar a vida e a Palavra de Deus. Isto é, iluminar os fatos com a luz e o olhar de Deus. Daí vem a clareza para que os jovens sejam atores e não reatores das situações. Além disso, as partilhas de vida em torna da Palavra de Deus fazem abrir-se à escuta de Deus na vida do outro.

Todo esse jeito de ser e rezar é envolvido com inculturação, com arte, com dança, com música e beleza. Tudo aquilo que é bonito da cultura e diz das lutas do povo não fica fora das místicas. As danças e cirandas, as cores, as expressões do jeito de ser e fazer dos povos de nossa terra, de nossas regiões entram nas orações e embalam os sonhos. A liturgia não pode ficar fora da vida e nem a vida ficar fora da liturgia. A espiritualidade já é algo intrínseco à vida e é na vida que deve ser vivida.

Todos esses elementos comunitários que lançam na dinâmica de encontro na comunhão com Deus, não pode permitir descurar o trato pessoal da oração. No dia a dia da vida, a oração pessoal, a revisão de vida, o discernimento pessoal do projeto de vida são elementos fundamentais para que a caminhada de um pjteriro não caia no vazio. Por isso, deve-se perguntar: como anda a oração pessoal no cotidiano, qual o lugar da oração no projeto de vida do jovem pjteiro?

Enfiam, aí estão alguns elementos que identificam e marcam a história da PJ. No entanto, sabe-se que todos eles não acontecem de imediato e da mesma forma nos grupos e diversas instâncias. É necessário fazer processo para que não sejam acolhidos como uma bricolagem ou colagem que não cria raízes de fato na vida de cada jovem. Ou seja, não se deve nem tê-los como óbvios ou como uma imposição, mas deve-se fazer caminho.

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