Amor que move e orienta a vida

Amor-que-move

25º Domingo do Tempo Comum

1ª Leitura – Am 8,4-7
Salmo – Sl 112
2ª Leitura – 1Tm 2,1-8
Evangelho – Lc 16,1-13

Rocélio Silva Alves.*

A oração da coleta deste domingo nos aponta para a importância e validade do mandamento do amor em nossas vidas, “Amor ao próximo e a si mesmo (…) consigamos chegar um dia à vida eterna”. É uma proposta para se pensar no amor como pressuposto para se chegar a vida eterna, bem como pensar em sinais visíveis de caridade como resultado direto deste amor em nossa vida. Que neste domingo tenhamos a convicção de que nossa prática diária é guiada e animada pela presença da divindade que nos proporciona o amor. No entanto, olhando panoramicamente em nosso entorno, quais os sinais de Deus conseguimos detectar? Será que Você, Eu, nós estamos nos propondo a vivenciar o ensinamento de Cristo? Ou será que estamos distraídos ao longo do nosso caminho? A quem realmente seguimos? A qual Deus?

As leituras deste domingo nos apontam para a sensibilização daquilo que nos orienta realmente: o que norteia sua vida, missão? Quais as suas motivações em sua comunidade? No seu grupo de base? A que deus vocês seguem? Felizmente não vivemos numa bolha ou redoma que nos distancia da realidade, felizmente nós estamos bem vivos e inseridos em nosso meio, devemos lembrar que somos criados para a comunidade e na comunidade. Ou seja, não estamos sozinhos e nossas ações por mais banais que sejam, refletirão na vida dos outros. Então o que fazer? Qual o melhor caminho? E onde Deus se permite encontrar?

Vejamos. Na primeira leitura de hoje (Amós 8, 4-7) detectamos visivelmente os sinais de corrupção e como a exploração do fraco e miserável afeta a Deus. Na primeira leitura Amós, constata todo um esquema social apodrecido e danificado pela corrupção e desigualdade daquela sociedade; Vejamos o versículo (Am 8,6): “Compraremos os infelizes por dinheiro e os pobres por um par de sandálias”.

Vejamos a estrutura desta frase, o que nos parece? Será que hoje nos deparamos com algo semelhante? Quem são os infelizes senão os ricaços insaciáveis pelo desespero do ter? Carros, roupas, celulares, status, título, cargo etc… E nós? Qual é o nosso preço? Qual o seu preço? Os ricos infelizes e insaciáveis se vendem por dinheiro; Os pobres e sofridos, por um par de chinelos.

A Palavra de Deus é muito atual, não é mesmo? Vocês se lembram em qual ano estamos? Pois é, ano eleitoral e quantos insaciáveis infelizes, irão nos prometer “mundos e fundos”, visando não o bem comum, e sim seus bens pessoais frutos da dor e da injustiça “nossa de cada dia”. No entanto, não podemos esquecer o versículo seguinte que diz: “não esquecerei jamais nenhum de seus atos” (Am 8,7). Deus se lembrará de todos os nossos atos, sejam eles, bons ou maus, justos e injustos. Por isso, lembremos que o que nos libertará não é o que acumulamos e sim o tanto que fomos capazes de amar.

Na segunda leitura (1 Timóteo 2,1-8) o que nos fica são as orações, as súplicas e as intercessões junto a Deus que devemos fazer para aqueles e aquelas que têm alguma autoridade perante o povo, será que Paulo estava sendo carreirista aqui neste texto, ou estava falando discretamente que estas pessoas são frágeis e que precisam de oração tanto quanto nós, afinal o mesmo Deus que ama você, também ama aqueles e aquelas que consideramos injustos, pois é, esta lógica divina parece ser bem complicada. Mas lembremos que Paulo vem afirmar que só há um Deus, ou seja, somente um no qual devemos confiar plenamente e colocar nossas esperanças, pois é este Deus que vem ao encontro daqueles e daquelas que têm as suas mãos puras (limpas da corrupção) vejam como ser honesto nos leva a uma liberdade incondicional. Pois quem é puro, supera todo ódio e ressentimento, ou seja, se torna livre.

Lembremos que no Evangelho Lucas também faz uma sutil menção à liberdade, quando ele nos mostra a figura do administrador desonesto (Lucas 16,1-13) e como Jesus se admira de sua astúcia, pena que não usamos de “esperteza” para as coisas de Deus, parece que somos possuídos por uma timidez e ingenuidade que paralisamos, e não nos pomos capazes de pensar rápido, exemplo: Como buscar nosso direitos de jovens? Como ser protagonista de nosso processo? Como fazer que o meu projeto de vida proporcione um bem não somente para mim, mas, para minha comunidade e para os outros que vivem comigo? Como ser fiel nas pequenas coisas? Como não servir a dois senhores? Como servir somente a Deus, o Deus que liberta, acolhe e ama? Que possamos meus queridos jovens sermos capazes de reconhecer nosso passos, perceber de maneira sincera e livre como estamos procedendo diante desse amor que me provoca a ser sempre mais, e melhor não somente para os outros, mas para mim também?

 

*Rocélio Silva Alves, Padre diocesano (Tianguá-Ce); Bacharel em Filosofia e Teologia; Especialista em Juventude no Mundo Contemporâneo; Atualmente residente em Belo Horizonte, onde cursa o mestrado em Filosofia da Religião, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Colaborou com a assessoria da PJ no Regional Nordeste I no Ceará.

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