Advento: na espera do Menino-Deus

De volta, esperando o Menino-Deus:

“Jesus Cristo, Filho de Deus.” – Advento

2º domingo do Advento.
1° leitura: Is 40, 1-5.9-11;
Salmo 84;
2° leitura: 2Pd 3, 8-14;
Evangelho: Mc 1, 1-8.

 

Amigos/as pejoteiro/as, quanta saudade!!! Mas eis que voltamos a nos encontrar, por meio destas linhas de histórias, de vidas, de encanto-esperança!!! Novamente, a cada semana, haverá em nossa página o ‘Luz na caminhada’. Reflexões bíblicas motivadas pela liturgia dominical, que partilhamos com cada um/a para animar a caminhada pessoal ou em seu grupo de jovens, a partir da Leitura Popular da Bíblia.

Voltamos em tempo de Advento, em tempo de espera-esperança do Menino-Deus. No ano litúrgico iniciado domingo passado[i], vamos percorrer o ciclo litúrgico B: que é o ano correspondente ao Evangelho da comunidade de Marcos. Este que foi o primeiro Evangelho a ser escrito, pois veio como resposta ao questionamento “Quem é Jesus?” e que respondeu não de forma teórica, mas a partir da vivência de Jesus, contada pela comunidade e guardada na memória do povo.

O Evangelho deste domingo, início do livro de Marcos, já começa dizendo para que veio: apresenta Jesus Cristo como Filho de Deus. Como Marcos escrevia para cristãos não judeus, de cidade e do Império Romano, esta intencionalidade de mostrar em todo seu livro quem é Jesus é central. Jesus, Cristo, Filho de Deus, feito homem.

Marcos não inicia seu texto trazendo a genealogia de Jesus, não… para aquele povo fazia mais sentido conectar Jesus com a experiência do Povo de Deus que viveu o exílio da Babilônia e que refez a aliança com Yahweh[ii].

Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas

É por isso que a figura de João Batista aparece como a voz que grita no deserto: ‘Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas’(Mc 1,3). Este texto se liga ao texto do profeta Isaías, que está no contexto de fim do exílio da Babilônia. O povo de Deus volta a sua terra prometida… libertos mais uma vez da escravidão e também com a aliança restaurada com Yahweh.

Sim, é Yahweh que como pastor, cuida do rebanho e com o seu braço o reúne. (Is 40,11) Por isso, ele não nos deixa desamparados/as!!! Na Segunda Carta de Pedro, vemos que o que esperamos, segundo a promessa Dele, é um novo céu e uma nova terra, onde mora a justiça. (v. 13).

Há quem achou e ainda ache que o exílio[iii] foi um castigo de Deus para quem o não foi fiel à aliança feita no Antigo Testamento ou à proposta do Reino de Deus ainda hoje. Mas qual é mesmo nossa visão de Deus? Deus é mesmo esta figura castigadora, que tendo tirado seu povo da escravidão no Egito, deixaria por castigo divino, que agora os Babilônios os explorasse?

Não seria Deus este que promete uma terra que corre leite e mel, um novo céu e uma nova terra? E você pode estar se perguntando: que terra é esta e que céu é este? E Pedro nos diz que é onde mora a justiça[iv]·!!!

E se a justiça é nossa medida, como cantamos no Pai Nosso dos Mártires, temos no verso 14 da Segunda Carta de Pedro uma #ficaadica: Por isso, queridos/as, já que vocês têm esta esperança, esforcem-se com ardor para que Eles os encontrem em paz, sem mancha, nem defeito. Pratiquemos então a justiça e lutemos por ela. Neste texto ainda encontramos o pedido para sermos santos e piedosos, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus (11b-12a). Lembrem-se que nosso modelo de santidade é o próprio Jesus, e que ele não quer de nós aquilo que não conseguimos fazer, mas Ele espera por tudo aquilo que temos competência para realizar. Apresar a vinda do Dia de Deus pode ser fazer o Reino acontecer, aproximando cada vez mais nossa experiência à de Jesus na construção e vivência da Civilização do Amor. Ora-ação, cuidemos para que no pedido da piedade não fiquemos como o Jesus estático pintado por muitos, nosso Deus tem mais a ver com movimento do que com uma pose para arte. Ele espera de nós mais que boas intenções e palavras bonitas…

E por falar em esperança, nós também esperamos! Estamos na espera de Jesus Cristo, Filho de Deus, aquele mais forte que João Batista, aquele que nos batizará com o Espírito Santo.

Jesus que sendo filho de Deus é o Messias que irrompe uma nova cultura religiosa, dando novo sentido ao judaísmo praticado à época. Que sendo mais forte que João Batista, não fica no deserto, fora da Terra Prometida, mas dentro dela. Que não prepara o caminho, é o caminho e que nos inflama com Espírito de Deus, com a força que vem do Alto. (Mc 24,49)

Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem… esperamos-te mais uma vez, como Menino-Deus a nos provocar.

 

Por Pedro Caixeta

CEBI GO

Coordenador Nacional da PJ (2006 – 2009)

[i] O ano litúrgico inicia-se com o 1º domingo do Advento.

[ii] Termo utilizado na Bíblia de Jerusalém, já na tradução da Bíblia Pastoral, o nome de Deus é Javé.

[iii] Aqui cabe lembramos as experiências de exílio que nós conhecemos e que talvez sejam mais próximas de nós que a que o Povo de Deus viveu na Babilônia. Lembremo-nos dos/as nossos/as exilados/as durante a ditadura cívico-militar no Brasil e da diáspora do povo judeu.

[iv] Vale a pena refletirmos um pouco sobre o que é justo e sobre o que é legal (Lei).

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