#16DiasDeAtivismo – Advento. Mulher. Proteção.

 #16DiasDeAtivismo – Advento. Mulher. Proteção.

Por Raquel Pulita Andrade Silva[1]

 

Fui desafiada a pensar e escrever sobre como o advento nos impele a lutar pelo fim do ciclo de violência contra as mulheres. Uma chave de leitura que me foi dada faz referência a pessoa de José. Topei o desafio.José, Maria e Jesus

Como mulher me coloquei, com Joaquim, neste lugar de mãe. Uma gestação para que nascesse a mãe, a filha e o pai. Penso em Maria: uma gestação “divina”, uma união por acontecer, uma sociedade que castigava fisicamente e um projeto de Reino. E agora José?

José de poucas palavras, mas de ações assertivas. Entende o pedido. Aceita com Maria a gestação. Defende. Faz planos, inclusive de fuga. Sim, houve o discernimento, o tempo de reflexão. Ele tinha o ‘direito’ de deixar Maria sozinha. Mas ele se faz companheiro e coloca-se a caminho com Maria.

José respeita a decisão, o ‘sim’ de Maria. Não cobra dela o ‘papel de esposa’. Ele se faz com ela. Pai, mãe e filho. Assume com ela outros direitos. À vida dela, do menino, do povo.

A proteção realizada por José não é romantizada, exige dele renúncia, movimento, fuga e busca de um lugar para que seu filho nascesse. E ele vai. Não deixa Maria abandonada no caminho, sozinha com o filho.

Penso que o Advento nos provoca a dialogar sobre as masculinidades. É tempo de rever nosso ‘modus operandi’. Exige mudança, reflexão e principalmente humanidade.

José, com sua opção, não permite que Maria seja apedrejada ou que sofresse outras violências impostas pela sociedade, principalmente por ela ser mulher. A sagrada família se constitui com esse homem, José. E, não tenho dúvidas que ele educou Jesus a partir da não-violência.

Outro homem, Jesus. Descobre nas mulheres a mãe, as amigas, as irmãs e as companheiras de missão. Segue com elas, ao lado delas. Se faz menino, jovem e adulto com elas. Busca a justiça, a fraternidade e a alegria.

Na generosidade de José, o ventre de Maria se faz povo e missão.

 

 

[1] Mãe de Maria Flor, companheira de Joaquim Alberto, filha de Orpheu e Leda. Analista de Vida Consagrada e Laicato, na Província Marista Brasil Centro-Norte. Amiga da Pastoral da Juventude, foi membro da Comissão Nacional de Assessores entre 2008 e 2011.

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